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Poeta - escritor - cronista - produtor cultural. Professor de Português e Literaturas. Especialista em Estudos Literários pela FEUC. Especialista em Literaturas Portuguesa e Africanas pela Faculdade de Letras da UFRJ. Mestre e Doutor em Literatura Portuguesa pela UFRJ. Nascido em Goiás, na cidade de Rio Verde. Casado. Pai de três filhos.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

PALAVRAS CRUZADAS

PALAVRAS CRUZADAS
Erivelto Reis






– Meu filho (o filho tinha oito anos), qual é mesmo o nome do cachorro do Mickey, com cinco letras e começando pela letra “P” ?
– Não sei, papai! (o pai tinha 30 anos). Se fosse o nome do cachorro da crônica do Rubem Braga – ZIG –, eu saberia.
– Mas que história é essa de “crônica”. E quem é esse tal de Rubem Braga?
– Papai, Rubem Braga foi um cronista capixaba maravilhoso, foi correspondente do Brasil na Segunda Guerra, embaixador no Marrocos e ainda...
– Não me interessa isso! O que me importa é o nome de um personagem de história infantil que você deveria conhecer. Afinal, você é uma criança!
– O filho pensou que o pai era quem deveria conhecer esse e outros grandes escritores da nossa língua, afinal, ele era adulto! Mas ficou calado...
– Mas tudo bem, essa eu sei que você sabe: qual é o nome do personagem de Maurício de Sousa que fala errado e começa com “C” ?
– Provavelmente o “Chico Bento”, por sua origem rural, mas pode ser também o “Cebolinha”, que, no caso, fala “elado”. Mas o que me chama a atenção são os aspectos regionalistas da nossa Literatura, que vão desde “Macunaíma”, de Mário de Andrade, e englobam “Vidas Secas”, de Graciliano Ramos, e “Grande Sertão Veredas”, de Guimarães Rosa. Sem falar no “Jeca Tatu”, de Monteiro Lobato e...
– Mas que loucura é essa, garoto? Você devia conhecer era a Emília e a Narizinho do “Sítio”, e não esse monte de “cultura inútil!” É isso que você aprende na escola, é?!

– Na escola, papai, eu conheço os grandes escritores da Língua Portuguesa. Didaticamente é importante. Mas o que eu mais gosto, são as Poesias, os contos e as crônicas que educam, divertem e emocionam. E lamento profundamente que haja escolas e professores que não atribuam a importância devida aos Poetas, contistas e cronistas brasileiros.
– Meu filho, prove para o papai que você é uma criança normal e responda a essa pergunta que eu aprendi no “qüiz” da choperia: quais os nomes dos sete anões da história da Branca de Neve?
– Não sei, papai, mas há quem afirme que a Rainha má dessa história é uma projeção do subconsciente do autor, de suas carências afetivas e...
– Chega! Não quero mais saber desse tipo de conversa de “CDF”! Amanhã mesmo eu vou trocar você de escola. Onde já se viu, filho meu ser o primeiro da turma?!... Onde que esse mundo vai parar?! Você devia era assistir mais televisão! A gente se esforça para ter um filho que tenha a “cabeça vazia”, e aí vem a Literatura e estraga tudo! Onde já se viu uma coisa dessas?!...

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