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Poeta - escritor - cronista - produtor cultural. Professor de Português e Literaturas. Especialista em Estudos Literários pela FEUC. Especialista em Literaturas Portuguesa e Africanas pela Faculdade de Letras da UFRJ. Mestre e Doutor em Literatura Portuguesa pela UFRJ. Nascido em Goiás, na cidade de Rio Verde. Casado. Pai de três filhos.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Poema: Sobre Sentido e Silêncio - Erivelto Reis

SOBRE SENTIDO E SILÊNCIO


Erivelto Reis



Sou feliz por ser pai

De um filho que, infelizmente,

Vez em quando, me parece triste.

Que vive enlutado de um evadir-se de si,

Que tanto machuca e persiste.



Silêncio de sentido é o abismo que se lança,

No adulto e na criança,

Entre tudo o que se pensa,

E aquilo que de fato existe.

Não sei se posso protegê-lo.

Não sei se sei do que não sei como pai.



Sei que tenho um amor que produz

Orgulho e um grande medo de não compreendê-lo.

Um medo de perdê-lo por entre os desatalhos

Dos cascalhos da linguagem,

Que ferem, confundem e denigrem

Minha austera, paterna, patética

E (im) própria imagem...

Gerando dor, dissabor e estresse.

Talvez eu nem soubesse do poder, se o tivesse.



Nossa conversa é um rito gasto de gestos sem palavras,

Com quase poucas palavras...

E olhares que se desencontram, que desatinam,

E que fazem com que nossa alma desconverse.

Isso é tão difícil pra nós,

Mas é quase sempre isso que acontece.



Às vezes, acho que ele não confia em mim,

Mas sei que confiaria se pudesse.



O vejo andando, progredindo, só que em círculos,

Em espirais de aprendizado e teste;

Inseguro sobre o chão de informações,

Que brincam de roda com as suas emoções.



Tudo é novo, mesmo na centésima vez que aparece

Tudo é estranhamente diferente e repetido

Perto, longe, distante, parecido.



No que eu vivo, no que vejo, no que penso.

Sou tão igual ao meu filho:

Que, às vezes, nem me conheço.

Ora emociono e não explico,

Ora explico e não convenço.



Por sensações e recomeço,

Vejo-me repleto e contrito

Por tudo o que, a ele, sobre de silêncio...

Por tudo o que, a mim, me falte em sentido.

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