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Poeta - escritor - cronista - produtor cultural. Professor de Português e Literaturas. Especialista em Estudos Literários pela FEUC. Especialista em Literaturas Portuguesa e Africanas pela Faculdade de Letras da UFRJ. Mestre e Doutor em Literatura Portuguesa pela UFRJ. Nascido em Goiás, na cidade de Rio Verde. Casado. Pai de três filhos.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Crônica: Amarelo ouro - Erivelto Reis

AMARELO OURO


Erivelto Reis

Jornal é um veículo que, quando bem dirigido, tanto mais valor se lhe atribui, quanto mais tempo de existência ele tenha. Venha de onde venha. É um vinho que se lê, para aguçar a lucidez, a emoção e a informação que movem o mundo: pequeno ou médio espaço da região pela qual ele circula. Não é papel de nenhum jornal mudar o mundo, mas, de vez em quando, ele muda.

O jornal não é apenas a impressão do que se vê dele, circulando. Não é só a cara que ele tem. É a ideia que o compõe, a ética que o caracteriza, a criatividade que o diferencia, o serviço que ele presta. Jornal sem ética é estética de charlatão, convence por determinado tempo, mas depois, nem como sobra para forrar o chão.

Jornal de bairro, alternativo, tem função distinta que se agrega as de qualquer jornal. Mas vale tal como o ouro, O Amarelinho. Porque é feito por gente que a gente conhece, a quem a gente tem carinho; gente que anda na mesma rua, que frequenta o mesmo problema, comunga da mesma proposta, que preza nosso direito de resposta. Por quem assume que gosta do lugar em que vive; gente que “veste a camisa”; que não se disfarça de íntegro e correto jornalista, articulista. Gente que trabalha muito, que trabalha duro e para o bem. É, antes, vizinho, amigo, parceiro, colega. Tem amor, tem valor e não nega. Gente que torce pelo progresso, pela mesma vitória. Mas, que trabalha para que tudo isso aconteça e que registra nossa história.

Jornal de bairro tem que ter o que nos interessa, da manchete à última página. Não é página virada que se lamente. Fato distante que não se sente ou se comente. Jornal de bairro não tem cheiro de tinta, tem que ter cheiro de gente.

É o jornal de bairro que dá voz, além da indústria da notícia, ao homem comum, e à chefe de família. Do empresário ao lojista. É ele quem valoriza o artista e o lugar onde o artista nasceu. Divulga a atividade cultural, o sucesso do comércio local, a promoção do debate. Jornal de bairro trata a visita, o trabalho e a trajetória do político como o que tem para hoje. Não se contenta com explicações mirabolantes, exige, apresenta, comenta as mazelas, diz com todas as letras qual é o endereço delas.

Um jornal de bairro bem feito, não se faz sem sacrifícios. Não pense que é fácil saber-se alternativo ou tido como facultativo carregando, ao mesmo tempo, o peso de ser imprescindível. Um jornal de bairro é um livro mensal ou quinzenal sempre aberto. É a verdade morando perto e o sucesso bem pertinho. Salve janeiro, salve nossa gente, o povo campo-grandense, no mês de aniversário do jornal O Amarelinho.

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