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Poeta - escritor - cronista - produtor cultural. Professor de Português e Literaturas. Especialista em Estudos Literários pela FEUC. Especialista em Literaturas Portuguesa e Africanas pela Faculdade de Letras da UFRJ. Mestre e Doutor em Literatura Portuguesa pela UFRJ. Nascido em Goiás, na cidade de Rio Verde. Casado. Pai de três filhos.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Poema: Lixo - de Erivelto Reis

Lixo
Erivelto Reis

Lixo é bicho humano cabisbaixo?

É moral lá em baixo e ninguém se lixa?

O lixo muda de nome e de forma,

Mas não serve pra matar a fome.

Só se alguém vender, só se alguém comprar:

O lixo é a montanha de sombra

E escombros daquilo que sobrar.


Lixo é algo aceitável, inesgotável, tratável e reciclável,

Só se houver utilidade?

É ficha limpa? Eleição com numeração raspada?

Munição com favas contadas? Tecle o verde e vê se erra.

Aperte o gatilho e confirma?

Duas formas de bala perdida?

A arma empunhada contra a própria vida.

Saudade, tragédia e azar:

O lixo é a montanha de sombra

E escombros daquilo que sobrar.


Se perder e ninguém encontrar, vai parar no lixo?

Indenização por tempo de desserviço?

Vamos acabar com isso.

Direito adquirido agora é lixo?

Corrupção, miséria e lastimar:

O lixo é a montanha de sombra

E escombros daquilo que sobrar.


Sentimento agora é lixo?

Pureza e honestidade, amizade e caridade,

Vão servir para se transformar em embalagem de produto?

É bom você pensar no assunto.

Gentileza virando etiqueta presa ao pé do carinho defunto

Não reconhecido na geladeira do IML.

Canções e poemas de amor varridos

Pra debaixo do tapete em nome do deleite do fácilsexo, do fazsucesso?

Como se não houvesse existido respeito, nexo.

Delete já. Delate já. Recicle já.

O lixo é a montanha de sombra

E escombros daquilo que sobrar.

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