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Poeta - escritor - cronista - produtor cultural. Professor de Português e Literaturas. Especialista em Estudos Literários pela FEUC. Especialista em Literaturas Portuguesa e Africanas pela Faculdade de Letras da UFRJ. Mestre e Doutor em Literatura Portuguesa pela UFRJ. Nascido em Goiás, na cidade de Rio Verde. Casado. Pai de três filhos.

sábado, 8 de setembro de 2012

Poema: Esmola, de Erivelto Reis

Esmola


Erivelto Reis





A esmola modela o passar da fome das horas,

A angústia da vida que demora,

O que dá pra disfarçar o que esconde por dentro,

O que pede pra esconder o que está por fora,

Quem oferece ajuda pensando na compra de um pão,

Quem pede pensando em embriagar a emoção,

Quem dá o que tem no bolso,

Quem pede o que vê na mão.



Esmola:

Dinheiro, comida, colchão,

Status, covardia, redenção,

Pobreza, miséria, desprezo,

Desemprego, desapego, desassossego...

Eterno começo sem fim,

Educação decadente,

Símbolo de gente indigente,

Progresso perverso e negligente,

Medo persistente, imoralidade latente.



Esmola:

São dois irmanados à dor,

Milhares pedindo favor:

Redimidos e remediados.

Irreversível flagrante

Do quase tocar-se dos condenados.



Esmola:

Agressão carinhosa do préstimo,

Presença e despedida num só gesto,

Perpetuar e cessar do protesto.

Pagar o que não se apaga,

Delimitar do terreno...

Mágoa que vira morte!

Bondade que marca forte,

Remédio que faz veneno.