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Poeta - escritor - cronista - produtor cultural. Professor de Português e Literaturas. Especialista em Estudos Literários pela FEUC. Especialista em Literaturas Portuguesa e Africanas pela Faculdade de Letras da UFRJ. Mestre e Doutor em Literatura Portuguesa pela UFRJ. Nascido em Goiás, na cidade de Rio Verde. Casado. Pai de três filhos.

sábado, 21 de setembro de 2013

Crônica: "Olheiro?" - Erivelto Reis



“OLHEIRO?”
Erivelto Reis

                – Moço, você é olheiro?
                – Como é?
                – Olheiro?!
                – Não! Estou só olhando!
                – E o que você está olhando?
                – Os garotos jogando futebol.
                – Ah… Então você é olheiro!
– Não, sou apenas pai de um dos garotos.
                – “Pai”?! Como assim?
                – Ué, você sabe o que é um olheiro e não sabe o que é um pai?!
                – É!
– Não entendo!
– “Olheiro” eu já vi. “Pai”ainda não…
– Você nunca viu um pai?
– Na televisão eu sei que tem. Eu já vi passar.
– Você não tem pai?
– Eu não.
– E não sente falta?
– Sim, mas se o olheiro me descobre, eu fico muito rico e aí o meu pai me acha.
– Pai ao vivo, você nunca viu?
- – Já vi, também, mas estes batem na gente.
– Como assim?
– Pai de mentira, que agarra a mãe…
– O quê?
– Que cheira à pinga e bate de cinto…
– Sinto muito.
– É… É cinto mesmo.
– Me calo, me despeço e fico pensando…
Às vezes, talvez me sinta um olheiro. Observo os alunos e já os enxergo brilhando nos gramados da sua profissão. Penso no sonho da vida confundido e ligado à bola, ao campo ou à educação. À fortuna, à fama, por um talento provável, óbvio, previsível, existente ou não, que pode jamais ser descoberto.
As revelações da vida surgem como o medo que não se vende em feira, com as coisas da infância trazidas de longe, da memória ou da história vivida de perto. Algumas revelações eu percebo, outras não entendo, finjo que enxergo, olho e me arrependo. Eu, olheiro? Como pode ser? Eu não entendo quase nada. Mas Deus tá vendo…

2 comentários:

  1. Caro mestre Erivelto.
    Passei só para "olhar" seu belo trabalho.
    Um grande abraço do seu Aluno Roberto Lincoln.

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