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Poeta - escritor - cronista - produtor cultural. Professor de Português e Literaturas. Especialista em Estudos Literários pela FEUC. Especialista em Literaturas Portuguesa e Africanas pela Faculdade de Letras da UFRJ. Mestre e Doutor em Literatura Portuguesa pela UFRJ. Nascido em Goiás, na cidade de Rio Verde. Casado. Pai de três filhos.

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Poema: "(êxito letal, etc. e tal)" - Erivelto Reis



(êxito letal, etc. e tal)
Erivelto Reis

Bonecas que têm cara de cínicas,
Estátuas que têm jeito de gente,
Pessoas que parecem de ferro,
Argumentos que parecem de nuvem,
Amores que se desfazem com o tempo.
Bonecas que têm jeito de gente,
Estátuas que têm cara de cínicas,
Pessoas que se desfazem com o tempo...
Amores que são feitos de nuvem,
Argumentos que parecem de ferro.
... e nunca luvas de pelica foram usadas tanto,
...e nunca os raios do sol secaram tanto pranto,
... e nunca a ausência de pecados escandalizou os santos,
...e nunca os ursos de pelúcia se odiaram tanto...

domingo, 13 de outubro de 2013

Poema: "Folga" - Erivelto Reis



FOLGA
Erivelto Reis

Guardem mais espaço
Para as palavras que tenho poupado
Para os gestos que economizo
Para tudo o que vejo e que sei
E não digo.
Apurem seus ouvidos,
Pois ando sensível, sensato, silente,
Ruídos não são verbos,
Versos não são gritos
São ecos que brotam da gente...
Apurem o paladar ao licor da verdade
O sabor da surpresa degusta a saudade
Em taças cristalinas de eternidade.
Toquem, sintam, ouçam, vejam,
Equacionem, equalizem:
Até que seus sonhos
E não medos tolos se realizem.
Guardem mais espaço...

domingo, 6 de outubro de 2013

Poema: "Gota" - Erivelto Reis



GOTA
Erivelto Reis

São lugares que o amor não toca:
As pedras
As portas
Os traumas
Os outros ele troca
Tranca
Escancara
Os outros ele alcança
Mergulha
Inunda
Aprofunda
Orvalha
O amor é um sentimento
Laico, louco, lúdico, sacro
Baumanamente líquido
Labareda aquática
Úmido,
Volátil
Neutro
Concentrado
O amor tem que ser regado
Gotejado,
Desaguado
Enxurrado
Molhado
Semeado
Cultivado
O amor tem que ser incendiado
Plantado
Pra poder pegar...

Poema: Dual (Qual) Idade - Erivelto Reis



DUAL (QUAL) IDADE
Erivelto Reis 

O amor se comove com duas coisas distintas:
O gesto não feito e a palavra bem dita.
Laços desfeitos congelam a alma,
Se alguém vai embora,
Ou fica, em segredo, querendo partir.
A ausência vigia, a tragédia espreita,
E o amor nem suspeita que pode ruir...
Quem ri?
Da dor de si pela perda
Do que é outro e é amor
E, na verdade, até parece o ar...
O outro é o ar para o amor respirar?
Quem vai contra-argumentar?!
A perfeição do amor
Provém de sua imperícia,
Do susto, da plenitude
Do que é, em um, excelência,
E, no outro, é virtude.
O vento que move o moinho
E a vela, o toque na pele,
A carícia singela...
Não dá pra medir o amor de quem ama:
Quem ama em silêncio, quem brada e proclama...
Quem ama ao relento, quem ama na cama.
Duas coisas deixam o amor comovido
A vida vivida,
O tempo perdido...