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Poeta - escritor - cronista - produtor cultural. Professor de Português e Literaturas. Especialista em Estudos Literários pela FEUC. Especialista em Literaturas Portuguesa e Africanas pela Faculdade de Letras da UFRJ. Mestre e Doutor em Literatura Portuguesa pela UFRJ. Nascido em Goiás, na cidade de Rio Verde. Casado. Pai de três filhos.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Com fuso - Poema de Erivelto Reis

Com fuso
Erivelto Reis
Quando é meio-dia no mundo
Ainda não amanheceu em mim
Quando é verão no hemisfério
A solidão passa as férias
De inverno em mim
Quando floresce, eu ameno,
Converso menos, mortificado,
Antirrejuvenescendo ando
É o tempo se modificando
É o tempo me modificando
Pasmem
As estações do ano passam
Aceleradas
Ramos e folhas caem
Ossos e músculos doem
Quando é meia-noite no mundo
Ainda não anoiteceu em mim
Para quem só vive atrasado
Azarado, atarantado:
Pai, filho e mestre da insônia
Relógio nenhum na vida
Relógio nenhum no mundo
Funciona

domingo, 26 de janeiro de 2014

Poema: "Solo" - Erivelto Reis



Solo...
Erivelto Reis

A montanha dorme
E a horda avança,
Determinada à conquista.
Mas não pensem que
Ressona a montanha...
Ela só descansa,
Desliza nas ruas do vento,
Disfarça e se modifica.
Seu silêncio é só
Um ponto de vista!
Sua trama, sua terra e seus atalhos
Gastam as solas e as almas
Dos sapatos dos exploradores.
Negligencia seus amores,
Precipita, por princípios,
Precipícios e rancores.
A montanha expõe
O que de mais importante
Consideraram os que
Divisaram-na como alvo:
O topo...
Espelha o vale e aproxima
O cúmulo que virá,
Muito embora, algumas
Estejam sob o mar...
Entre a queda e o salto,
O sopé e o cume,
Reside a pergunta
Que motiva a vida.
Ora, desatinada subida,
Ora, obstinado declínio...
Rarefeito ar que oxigena o nada!
A montanha não se move
E Maomé aguarda...

sábado, 18 de janeiro de 2014

"Prefácio" - Poema de Erivelto Reis



Prefácio
Erivelto Reis
Ler só mesmo na alma
A letra escrita na vida
Da amizade infinda
Que trago em minha retina
Em minha memória
Nos ensinamentos que trago
E que não sei se levo
Ler só mesmo na alma
Nos sonhos de reencontro
De fraternidade e verdade
Ler só mesmo na alma
O que tenho lido em braile
O que tenho lido em gestos
O que não dá pra ler no tempo
Ler só mesmo na alma
Nos olhos só o presente
Aparência, impressão,
Sensação, coincidência
Ler só mesmo na alma
Ler só mesmo em essência
A saudade do passado
Nas páginas úmidas de lágrimas
De um livro recém-rasurado...

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

"Estilizado" - Poema de Erivelto Reis



Estilizado...
Erivelto Reis

E quando eu olhei para o lado
Ele já não estava
Já havia partido e nem um adeus
Restara...
Agradeceu o convite
Pronunciou o nome da rainha que eu amava
Apertou minha mão
Como fazia sempre
E sorriu e acenou sem acertar pra onde
Há um ano assim...
Nem a conclusão de planos
Ou a abertura de novos projetos
Ou o êxito inesperado
Que conduzisse ao próximo estágio
Sem máscara, sem bônus, sem ágio
Plágio de tristeza que tenho
Parei na porta, olhei pra dentro
Uma vontade de chamar seu nome
Uma saudade cortante desse seu semblante
Sou forte, é evidente,
Pois suportar a tristeza que eu suporto
É, antes, resignação
Brado mudo do bardo mudado
Há um ano assim...