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Poeta - escritor - cronista - produtor cultural. Professor de Português e Literaturas. Especialista em Estudos Literários pela FEUC. Especialista em Literaturas Portuguesa e Africanas pela Faculdade de Letras da UFRJ. Mestre e Doutor em Literatura Portuguesa pela UFRJ. Nascido em Goiás, na cidade de Rio Verde. Casado. Pai de três filhos.

sábado, 23 de agosto de 2014

Poema: "Estado Crítico" - Erivelto Reis

Estado crítico
Erivelto Reis

Sua escrita é estranha
Excreta,
Escrota,
Esquisita...
Que eu escreva
Encrava,
Estraga,
Entrava,
Sua estrada de signos enguiça.
Não aceito sua premissa!
Sua poética é pobre,
Patética,
Anestésica,
            Diurética.
Seu cobre é de lata!
Sua escrita agride,
Maltrata.
Sua escrita se expande?!
Dilui-se, feito fumaça...
O mal que ela faz,
Demora,
Mas passa.


sexta-feira, 8 de agosto de 2014

"Toada" - Poema de Erivelto Reis

Toada
Erivelto Reis
Ai, dia difícil, vai:
No registro no cartório,
Na linha da identidade,
Na parede da sala,
Na falta de felicidade!
No porta-retrato na mesinha,
No monóculo do passado,
No álbum da (ex-)família,
No sem-descanso da tela,
Nesse silêncio da trilha!
Nessa lembrança singela.
No três por quatro da carteira,
Na memória, na moleira,
No juízo, no exemplo, na soleira:
Ai, dia difícil, vai!
Vai achar em todo canto,
A saudade do meu pai.
Não arrepare esse aparte,
Esse drama, esse assunto,
Esta toada, este luto…
Meu coração ainda bate:

Não sabe que morreu junto.

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Poema "Pátria" - Erivelto Reis

Pátria
Erivelto Reis

Não sou nem fui
Nem sombra do pai que tenho,
Que tive…
Que deteve o meu amor, que eu jamais detive.
Queria dizer isso se pudesse,
Se o tempo voltasse…
Não sou nem em sonho,
Mas o vejo em sonho
(Nas fantasias de abraço e reencontro).
Não chego nem aos pés,
Mas o vento, se não varreu o convés,
Distanciou os portos,
Com ondas de remorsos      
De quem viu o trago da cana
No altar do banquinho,
Esperando – símbolo da conversa adiada –
Que era pra dizer tudo,
Mas que não pôde dizer nada.
Há certo tipo de dor que é
Feita pra se carregar sozinho.
Não sou nem de perto, nem de longe
Melhor do que o meu pai, meu sogro,
Meu paipoeta e gente que sabe sempre
O que fazer na hora certa.
Sou apenas um pai orgulhoso,
Sou apenas um pai zeloso…
O que escrevo na orla da noite do dia
Declaro não querer ser poesia,
Declaro ser homenagem, saudade:
– A saudade é sempre urgente! –
(É isso que tenho sentido),
E pesa mais
Que carregar centenas de sacas de arroz!
Pra só depois abraçar o primogênito
Recém-nascido.
Não sou…
Mas sei reconhecer quem é, quem foi.