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Poeta - escritor - cronista - produtor cultural. Professor de Português e Literaturas. Especialista em Estudos Literários pela FEUC. Especialista em Literaturas Portuguesa e Africanas pela Faculdade de Letras da UFRJ. Mestre e Doutor em Literatura Portuguesa pela UFRJ. Nascido em Goiás, na cidade de Rio Verde. Casado. Pai de três filhos.

domingo, 31 de janeiro de 2016

Poema: "Resiliir", de Erivelto Reis

Resiliir
Erivelto Reis

À hora em que os sonhos eclodem,
Depois de uma noite insone.
Espera-se o raiar do dia,
Mas a resiliência esmorece...
É tarde pra erigir estátuas,
É cedo pra comprar o pão.
Destino e vontade duelam,
E o café, bem podia ser doce...
Como a vida e o que quer que fosse.
Uma nesga de dia
Supõe-se,
Mas não se vê.
Lamenta-se a perda do tempo que sucumbiu,
Alvorecer e saudade se unem,
É longe a distância de crepúsculos,
É tarde no calendário de auroras,
É cedo pra implorar milagres...
Faz tempo que criou o mundo,
E Deus ainda nem dormiu...



domingo, 24 de janeiro de 2016

Poema: "Demis", de Erivelto Reis

Demis
Erivelto Reis

Ar até envelhece,
O tempo registra o ar que passa,
A vida é o ar nos enfrentando dia à dia.
Sempre, pra sempre.
Ferrugem das artérias corrompidas...
Que voz vai dublar o eu que seremos
Quando formos mais velhos?
Somos sempre mais velhos do
Que quando nascemos...
Mas o mundo só entende isso
Quando já não estamos mais por aí.
Daí comemorar o aniversário que faríamos.
Meu pai queria conversar,
Minha mãe disfarçava um pedido,
Meus filhos não querem estar ao meu entorno...
Minha mulher não entende o que eu quero dizer com aproveitar.
E eu sei que meu tempo está passando
E, talvez, mais perto do fim, do que quando escolhi esse título.
Não vou me despedir de ninguém,
Não vou rever minha avó, meus amigos,
E a invenção romantizada de suas existências vai morrer comigo.
Não mais minha terra natal, nem Natal!
E minhas cinzas não se depositarão no sítio que eu amei,
Como um menino amou um único brinquedo que jamais ganhara.
Serei lembrança enevoada de um não entender quem eu era,
Serei memória apagada, substituída, ou trauma...
Nem ídolo, nem filho preferido, ex-grande amor, nem nada.
(Am)ar envelhece,
Adeus, meu amor, adeus...
O tempo devora e mata.
Acesse o link e confira:
Enquanto não te mata,

Talvez te fira.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Poema: "Eito" - Erivelto Reis

Eito
Erivelto Reis

Deserto
É areia, solidão e medo,
Sacrifício, vertigem e alucinação.
Deserto
É o lado de fora do mundo,
É o lado de dentro da gente,
Quando tudo (alguém) que se ama parte:
Deserto é uma parte da gente!
É um deslugar, (pode ser qualquer lugar!)...
Abismo entre sonho e mito,
Deserto é um jeito de falar,
Um modo de silêncio,
A vida é feita de desertos,
Que, às vezes, aceitam sementes...
A palavra abortada é feita de desertos,
Amor simulado é feito de desertos,
Há miragens
E oásis perto...
Imaginados, pressentidos.
Desertos, cânions, sede, suor.
Isolar-se de outras presenças,
Orientar-se pela voz do eco,
Na esperança de ouvir ausências.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Poema: "Fauna" - Erivelto Reis

FAUNA
Erivelto Reis

Amor é criado solto, livre.
É bicho do mato,
É animal selvagem,
É bilhete premiado,
É a inesquecível e tão aguardada viagem...
Amor indomado,
Não tem nome
Até ser avistado.
Atende o chamado do instinto...
Adestrado.
Amor irrevogável,
Decretado sem palavras,
Por olhares ambiciosos,
Aparentemente despretensiosos...
Ah! Quanto amor corre nas veias,
Campinas dos prados do coração!
A gente doma, não domina...
Nem sente que aprende e ensina.
Amor é criatura selvagem,
Incivilizado entrelace,
Natureza mostrando a força,
Narciso mostrando a face.
Sereno, orvalho,
Água, nuvem,
Chuva, rio, mar...
Amor, fera selvagem,
Vai ficando sereno...
A gente pensa que domou,

Mas foi ele quem se deixou domar.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Poema: "Lattes", de Erivelto Reis

Lattes
Erivelto Reis 
Colhi chuva
Suei prantos
Abracei amigos
Fiquei no meu canto.
Sei qual é o meu lugar,
Às vezes, perto de quem não sabe o seu...
Sorri e falei sozinho
Curti e compartilhei sem ler
Me esforcei pra ler o que deu.
Guardei só pra mim
O que não entendi.
Não posso comprovar nada
Não posso desmentir nada
O erro é a vírgula das histórias
Não dá diploma, mas certifica
Se não edifica, se repete
Se não se repete, consta, supõe-se
Conhecimento
Eis minha inacabada tese...
Apresentada antes que a terminasse
Meu Lattes não aceita likes!
Ah, se aceitasse!...
Ih?! Se aceitasse...

Poema: "Monólogo", de Erivelto Reis

Monólogo
Erivelto Reis

Não sei o que é pior
Os que mentem de dentro da trincheira,
Encurralados por baionetas e disparos...
Ou os que mentem enquanto atiram,
Supondo-se serenos e indultados, indulgidos.
Em não havendo diálogo,
Está tudo muito claro:
Quem perguntar, quem questionar
Veste a carapuça de inimigo.
E não era nunca pra ser guerra,
Era pra ser só uma batalha
Em favor do bem comum.
Agora cada qual é cada um!
E ninguém está a salvo.
Todos se sentem exaustos,
Todos se sentem traídos,
Enganados por alguns,
Que ao invés de defender-nos,
Acharam melhor dividir-nos, confundir-nos,
Desamparar-nos.
É muita covardia pra esconder a força e a farsa.
Eis que vem vindo um deles aí:
Não se esconda, nem corra, não faça por menos...
Façamos cara de santo,
Disfarcemos.
Indignados, mas sorrindo,
Enquanto, por dentro,
Somos tomados de revolta,

Lavados por humilhação e pranto.