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Poeta - escritor - cronista - produtor cultural. Professor de Português e Literaturas. Especialista em Estudos Literários pela FEUC. Especialista em Literaturas Portuguesa e Africanas pela Faculdade de Letras da UFRJ. Mestre e Doutor em Literatura Portuguesa pela UFRJ. Nascido em Goiás, na cidade de Rio Verde. Casado. Pai de três filhos.

domingo, 27 de março de 2016

Poema: "Gólgota" - de Erivelto Reis

GÓLGOTA
Erivelto Reis

Presa,
Injustamente,
Sem qualquer acusação formal
Levada à presença de detratores,
Tiranos e hipócritas,
Sabedora, de antemão,
Que sua existência
Seria de luta e provação,
Acuada, humilhada,
Maltratada, torturada,
Sob o peso da desfaçatez,
Ela aguarda o seu veredito,
A sua consciência,
A sua vez...
Ré, Crucificada, talvez,
A Democracia
Ressuscita,
Mas, antes, agoniza,
Será que é disso que ela precisa?
Insisto, sabendo a resposta,
Não!
Ela não precisa disso...
Quem a maltrata,
O faz porque gosta.
Perdoar quem não sabe o que faz é coisa de santo...
Mas o espanto é ser chamado de anjo,
Aquele que sabe o malfeito que faz, repare,
O verdugo reflete,
E continua fazendo ainda mais.


quinta-feira, 24 de março de 2016

domingo, 20 de março de 2016

Poema: "Imaginação", de Erivelto Reis

Imaginação
Erivelto Reis

Isso não é uma crítica,
É um conselho:
É só imagem,
É só ação,
Não se zangue:
Isso não é uma vidraça,
É um espelho.
Isso não é uma pedra,

É um bumerangue.

Poema: "Que coisa?!", de Erivelto Reis

QUE COISA?!
Erivelto Reis

Que coisa é povo?
Argila líquida,
Massa malemolente de macetes,
Títeres sem cordões,
Que coisa é povo?
Espuma de barba e mar,
Gosto de café requentado,
Hálito desacordado,
Que coisa é povo?
Voz do eco da voz,
Silencio recalcado,
Ignorância com salário,
Que coisa é povo?
Companheiro de erudição,
Vísceras (da Educação) à mostra,
Cão que dispara lamúrias,
Que coisa é povo?
Mira que acerta calúnias,
Ereção desgovernada de ideologias,
Excitação de briga e batalhas virtuais,
Que coisa é povo?
Cigarro depois do sexo,
Cadafalso,
Nó do pescoço da corda,
Que coisa é povo?
O erro contínuo de novo,
O acerto no susto,
Repente,
Que coisa é povo?
É planta,
É bicho,
É gente,
Que coisa é povo?
Interrogação sem resposta,
Afirmação inconteste,
Alfinete que espeta,
Que coisa é povo?
Marreta, martelo e porrete,
Missa, culto, sessão,
Alegria, esperança e sorvete,
Que coisa é povo?
Catarse, aporia e temor,
Ódio, surdez e rancor,
Cegueira, paixão e bolor,
Que coisa é povo?
Será que o povo sente (Arte)?
Será que ele entende (Arte)?
Será que ele pensa (Arte)?
Que coisa é povo?
Responda às interrogações,
Mito humano (des)almado,

No intervalo entre as refeições...

sábado, 12 de março de 2016

Poema: "Atalhos", de Erivelto Reis

ATALHOS
Erivelto Reis

Porque me disseram:
“Depois daquela curva está o amor!”,
Desandei de acostumar
Com o horizonte.
Agora todo amor é longe,
E não se vê à distância.
Agora todo amor é posse,
É ganância,
Todo amor tem perfume de colônia,
E todo amante tem desejos de metrópole.
Podiam ter me dito antes,
Podiam não ter dito nada,
Podiam ter dito o contrário...
Podiam ter dito a verdade:
 “Vai andando, que amor acontece!”
Agora todo amor parece longe,
Agora todo amor parece posse,
Agora todo amor parece atalho.
Agora tudo amor parece.