Quem sou eu

Minha foto
Poeta - escritor - cronista - produtor cultural. Professor de Português e Literaturas. Especialista em Estudos Literários pela FEUC. Especialista em Literaturas Portuguesa e Africanas pela Faculdade de Letras da UFRJ. Mestre e Doutor em Literatura Portuguesa pela UFRJ. Nascido em Goiás, na cidade de Rio Verde. Casado. Pai de três filhos.

terça-feira, 27 de setembro de 2016

Poema: "Ex-plágio", de Erivelto Reis

Ex-plágio
Erivelto Reis


Não tens disciplina para ouvir
E alegas ter capacidade de ensinar
Não tens postura ética
E alegas que a educação é teu rosário
Não respeitas ao teu igual que fala
E sustentas oposição às hierarquias
Que enxergas no meu silêncio,
Na presença que, insistes, vos afronta
E não calculas nem assumes vossas faltas
Elas, não eu, vos reprovam...
As tramas e teias dos enredos que protagonizas
Não aludem às incúrias que propagas
Leia mais, leia muito, leia melhor
Depois me procure para um debate real
Não para uma pirraça,
Não para uma arrogância
Gostas de bater com força
E te defendes como se fora criança
Como se não fosse tua a responsabilidade
Pelo que omites.
Doutorado em dar palpites já possuis
Mas não nos apeguemos a títulos
Agarremo-nos aos livros, não aos trabalhos prontos
Aos quais supostamente emulas
Desafias, sem propósito,
Aos que estão um pouco além de teu momento agora
Imagino os muros que erguerás
Contra os que de ti dependerem no futuro
Não aprendes porque não refletes
Não aprendes porque não queres
Não aprendes porque não podes
Consumes... Eis tudo!
Não lidas com estudo.
Poupe-me de seu desrespeito,
De sua violência, de seu despeito.
Não afies vossas garras contra mim
Não tens paciência para ouvir,
Mas queres livrar o mundo dos que o corrompem
Não mude apenas de curso
Mude de vida
Faça isso
E pra ontem.



terça-feira, 20 de setembro de 2016

Retórica, poema de Erivelto Reis

Retórica
Erivelto Reis

Pelas costas das mãos,
(Não pelas linhas das palmas!),
Vejo o reflexo do tempo que passou em mim.
As ruas, rusgas, fugas, rugas,
Calçadas, avenidas e estradas de que me esqueci.
Morava em mim
A Esperança, que estava trancada
Na caixa que fora de Pandora.
Não sei o que fazer agora
Sozinho, sem retórica,
Com todos os males pelo mundo afora.
Nenhum poema épico
Jamais desafiou os mitos:
Antes, fez a propaganda
Das coisas que teriam feito...
Difícil fazer poesia com o sabor das coisas que sinto: –
Se não há humano sem esperança,

Não haverá deuses sem defeito no Olimpo.

terça-feira, 6 de setembro de 2016

Poema: "Ítaca", de Erivelto Reis

ÍTACA
Erivelto Reis

Este é um poema de regresso:
Não espere metáforas,
Provas de elevação moral,
Ascendência espiritual,
Este é um poema sem Ítaca,
Sem Ática,
Não é um poema sem ética!
Embora não seja função
Do poeta
Livrar a cara de ninguém...
Aguardem.
É mais frágil esperar,
E mais fácil explicar
O poema que ninguém entende...
O jeito como as palavras se tecem.
Na verdade o poema e a poesia
São a fotografia do exato momento
Em que as palavras se paqueram pela primeira vez,
De um jeito que nenhum sentimento
Fez.
Não há teoria nisso,
No entanto, as pessoas se esquecem...
É fácil escrever poemas,
Difícil é sentir poesia,
Difícil é explicar a vida.

Que os jogos comecem...